quinta-feira, 29 de abril de 2010

Lançamento do livro de Karina Rabinovitz


Todos convidados para esse lançamento para lá de especial...

domingo, 25 de abril de 2010

A velocidade do Sonho de Rogerio Ferrari

Muralismo em San Francisco






Murais estão presentes em muitos bairros de San Francisco, mas em Mission causam um efeito especial e são importantes para a paisagem cultural do local, que, apesar das transformações que vem sofrendo, luta para manter acesa a latinidade. Becos estreitos como Balmy St. e Clarion St. estão decorados com imagens vibrantes e cheias de cores que narram histórias, sonhos e desejos.
Os desenhos dos murais da Clarion St. ocupam paredes longas e estreitas, portas, fachadas de casas e fundos de estabelecimentos comerciais. Na década de 70, ativistas organizaram-se, criaram o grupo Placa e passaram a reivindicar ações políticas para as minorias usando os murais como expressão de identidade. Mais tarde, estudantes latinos de arte da University of San Francisco começaram a experimentar artisticamente os espaços públicos, contribuindo para a difusão dos murais.
Os da Mission, inspirados no muralismo mexicano da década de 1920, cujos expoentes são Rivera, Orozco e Siqueiros, são integrados à cidade e visitados, em dias de sol, por moradores e turistas. É, obviamente, o espaço de uma arte transitória, ou melhor dizendo, atualizada: novos artistas e grafiteiros deixam ali suas marcas e outros chegam para contribuir a qualquer momento, com as sobreposições de frases e desenhos como qualquer arte de rua que se preze, afinal, os murais são um claro grito de liberdade ante a ordem nem sempre democrática.

O que: Murais da Clarion Street, Mission District, San Francisco-Ca
Onde: na Valência Street, entre a 16th St. e a 18th St.

Publicado na revista MUITO em 25/04/2010

Um mergulho nos segredos inconfessáveis da cultura judaica: Isaac Singer


“Digo-lhes desde já que eu não era nenhum santo. Sucumbia quase por inteiro às paixões mundanas. Para preservar as aparências, estudava diariamente uma página do Talmude, mas no fundo cedia às minhas vontades. ”

escritor judeu nascido na Polônia, mais tarde radicado nos Estados Unidos, Isaac Bashevis Singer, ganhou o Nobel em 1978, mas ainda é muito pouco falado e estudado no Brasil. Felizmente, o recente modismo de se reeditar escritores do passado tem nos feito chegar obras como a de Singer: do quilate de escritores universalmente consagrados como Machado de Assis, Guy de Maupassant, Poe e outros que souberam traduzir como ninguém as particularidades de uma época.
A comparação, claro, é muito menos no estilo do que em uma crítica – ferrenha- aos costumes e tradições de um povo. A sua escrita possui um sabor especial; é como mergulhar nos segredos inconfessáveis de uma sociedade- neste caso uma cultura, a judaica – sob um humor bem resolvido e uma linguagem sem malabarismos, simples, evidente até, em meio a um tom de “sabedoria desencantada”.
Os contos do livro “A morte de Matusalém e outros contos” trazem temas ligados à inclinação do ser humano às paixões mundanas. Ao falar do cotidiano dos imigrantes judeus nos Estados Unidos e das comunidades judaicas do leste da Europa do início do século, Isaac destaca, nestas vinte narrativas, o que de mais íntimo o homem possui: a sua alcova. Desse modo, todas as histórias narradas passam direta ou indiretamente pelo sexo, ciúme, paixão, desconfiança, inveja, homossexualidade, adultério, cobiça e fraqueza religiosa.
Há uma crítica, entre outras tantas, ao machismo do homem judeu, ainda que não haja um julgamento desse homem. As mulheres em seus dias “impuros” são ignoradas e desprezadas, mas elas são também o objeto de desejo e o amparo de sua solidão. Os relatos de amor terminam em tragédia: abandono, traição, morte, fuga. O que impressiona, entretanto, é que o narrador dos contos, quase sempre um “escritor”, escuta as histórias que são narradas a partir das tradições judaicas, deixando um rastro de expressões em íidiche, hebraico, nomes e cerimônias sionistas, o que revela o quão apegado estava àquilo que “criticava”.
Singer tratou de revelar o homem judeu muito mais próximo ao mundo secular do que às sagradas e ortodoxas práticas, desmistificando-o e dando a ele o único possivelmente inegável: a sua humanidade, configurada, essencialmente, pelas suas fraquezas. Assim, desmantela as aparências para chegar à alma. É claro que vai também deixando por terra as aparências de uma cultura tradicional.
O sexo, o princípio de todos os desvios, o chamariz mais forte do homem, é explorado de todas as formas, mas, sem dúvida, no conto “A morte de Matusalém”, é caprichosamente destilado, num conto mítico, absurdo, fantasioso e alegórico que seduz o leitor de imediato. Ali, Matusalém, com 969 anos , encontra a mulher que desejou durante séculos, e vai ficar em dúvida entre se entregar à volúpia de sua amada ou receber o alívio da morte... A carne do “homem” é fraca.
Entre tantos temas, há espaço também para reflexões filosóficas e literárias. Citando muitas vezes Spinoza, o autor tenta desvendar os desejos do ser humano, enquanto usa uma personagem para trazer à tona suas indagações sobre a literatura: “O senhor escreve sempre sobre a questão do ciúme. Já reparou que os ficcionistas de hoje não escrevem mais sobre isso? Os críticos foram tomados de tamanha aversão pelo que chamam de romance de alcova que os escritores ficaram com medo”.
Entre as páginas do livro, um manancial de informações, desde a Torá, passando pelo Bar Mitzvá, Hanucá, Talmude, e etc, com um sabor de contos de uma tradição oral, que, no final do livro, ganha um excelente e amplo vocabulário para aqueles que não estão familiarizados, como eu, ao vocabulário dessa cultura tão próxima e ao mesmo tempo tão distante. “Sholem Aleichem”.
A morte de Matusalém e outros contos/ Isaac Bashevis Singer/Cia das Letras/ 237 p/37 reais

Publicado no Jornal A tarde, caderno 2+, 24/04/2010

terça-feira, 20 de abril de 2010

Roberto Bolaño: assassinato e poesia no Chile sob ditadura




Um avião faz piruetas no céu sob o olhar de militares, pessoas da alta burguesia chilena e jornalistas. Da fumaça e dos loops, versos que são mais adivinhados do que vistos. Eles estão a falar de morte, amizade e amor e, antes de serem em frases completados, já se desmancharam no ar. O piloto do avião, uma personalidade dupla: assassino de direita e poeta. Como aqueles versos, os corpos desaparecidos na ditadura de Pinochet também falam pelo silêncio de sua existência: sumiram, mas já tinham riscado a vida. Poetas e assassinos são escrutinados pelo autor, do ponto de vista da arte, da memória, e também da culpa.
Assim de paradoxal é o ponto central da narrativa de Roberto Bolaño no livro “A estrela distante”, mas muito mais complexas são as histórias periféricas que o narrador nos tenta contar. Mantendo o seu estilo já tão exaltado pela crítica hispano-americana, onde aspectos da literatura policial se mesclam à grande indagação em torno do que é a literatura e seu efeito, Bolaño recupera personagens de outro de seus livros, “La literatura nazi”, para voltar ao tema do duplo, seguindo a tradição da literatura que, de Edgar Alan Poe passando por Cortázar, Saer e Borges, tem fascinado escritores de várias gerações.
O narrador, um poeta chileno exilado por causa da ditadura de Pinochet, vai contar a história do misterioso Carlos Wieder que, anos antes, usava o nome de Alberto Ruiz- Tagle e freqüentava as mesmas oficinas literárias que ele e outros tantos jovens apaixonados pela poesia. Nessas oficinas também se falava de luta revolucionária. Diego Soto e Juan Stein são os dois “mestres” daqueles jovens ávidos pela arte poética e, com oficinas literárias esteticamente rivais e posições diversas quanto à “esquerda”, ambos trazem o tema da política e irão, de maneira diferente, no exílio perecer, levando o leitor a uma reflexão sobre o destino da poesia e do pensamento político e intelectual da década de setenta no Cone Sul.
O narrador usa o poeta Bibiano, seu melhor amigo – um obcecado pela figura assassina que conhecera quando jovem-, para conduzir os passos primeiros da investigação em torno do protagonista Wieder. A investigação, cujas provas são compostas por revistas, fotografias, filmes pornôs, publicações alternativas, propaganda de seitas, etc, é depois assumida por um investigador que acaba deixando nas mãos do poeta-narrador a conclusão e o fechamento de um ciclo de terror.
O que pareceria absurdo, nessas histórias que trazem poesia, política, arte e ditadura, é tão real que nos deixa sem ação. A memória coletiva de toda uma geração está em jogo, assim como a memória individual que necessita ser recomposta. O universal e o particular se entrelaçam para deixar as marcas de uma história que só se justifica pela crueldade humana e esse tema, o do mal, tem seu exórdio aprofundado no romance. Do Chile à Nicarágua, El Salvador, e Angola, o tema da ditadura e revolução vai sendo explorado, ao mesmo tempo em que o exílio jamais significou a liberdade, posto que a memória do narrador ficou presa a esse passado e ele já quase não escreve.
A poesia, a literatura, a arte, é esteio da vida e da morte, é consciência e é igualmente culpa. O romance de Bolaño, com o tema do duplo e o enigma a ser resolvido, nos deixa frente a uma peça difícil de ser (re)composta, e para se chegar a algum lugar é preciso trilhar o caminho da literatura tal e qual o detetive na obra. A nossa memória, como a do poeta, fica presa no céu do Chile sob os corpos que desaparecem, as vozes que se calam e os versos que não se completam.
Estrela distante/ Roberto Bolaño/Cia das Letras/143p/35,00

publicado no jornal A tarde de 17/04/2010

sábado, 10 de abril de 2010

Cinema e Literatura no romance de Jean-Claude Carrière




A obra “Meu tio”, de Jean-Claude Carrière, é fruto de uma experiência artística interessante: a transformação de um filme, não de um roteiro, em romance, e com a ilustração da obra obedecendo às duas estruturas: a do cinema e a da literatura. É um livro que desperta a atenção para as fronteiras das linguagens, das artes, deixando para o leitor uma experiência de leitura peculiar, pois o livro não se esgota e nem se limita à estrutura narrativa romanesca: pode ser revisitado depois do filme e vice-versa, e tem, nas ilustrações de Pierre Étaix, o complemento visual da história. É uma obra independente, mas que pode dialogar de maneira encantadora com o cinema.
Baseado no filme homônimo do diretor Jacques Tati, um clássico do cinema francês, “Meu tio” se destaca na obra do autor, conhecido no mundo do cinema por seu trabalho ao lado de nomes como o próprio Tati, Pierre Étaix e Buñuel (por esse último foi convidado a escrever a sua biografia, “Meu último suspiro”), e traz para a literatura toda a força silenciosa da película.
A personagem principal do filme, o senhor Hulot - um solteirão ambíguo, que não se enquadra nas regras sociais e capitalistas do mundo burguês - mantém-se charmosa e enigmática, com o seu jeito estabanado cativante, e é ele o centro gravitacional da história. Mas, diferentemente do filme, o livro traz o sobrinho como narrador, que conta a história já como um adulto relembrando a sua infância, na qual a figura do tio ocupa um lugar especial e decisivo.
Como o filme, o romance se desenvolve de forma sutil e delicada, com uma comicidade estabelecida na combinação de detalhes da personalidade das personagens com as dinâmicas sociais. A obra também mantém a crítica ao exagero do culto à vida moderna, à vida de aparências centradas nos bens materiais e ao consumo vazio das décadas de 40 e 50. O modo brilhante com que foi feito o filme permitiu que se mantivesse atual e com uma forte carga crítica. O romance, apesar de não falhar a essa crítica pretendida por Tati, adéqua o contexto para mostrar que se trata de um momento do passado, onde o apelo ao moderno era demasiado e caricatural.
O tom de “memória” trazido pelo narrador, que nos remete àquele menino de dez anos, vem de um adulto reconstruindo as suas experiências e impressões da infância, a solução encontrada para dar ao livro a mesma conexão com o momento retratado que o filme permite. O distanciamento temporal faz pertinente o choque entre o moderno e o provinciano, já que o narrador, não mais uma criança, descreve a sua dificuldade com aquele mundo robotizado e automático dos pais e o seu encantamento pela liberdade e pela vida menos artificial do tio, o senhor Hulot (que, vale a pena dizer, no filme é interpretado pelo próprio Tati, que se inspira em Chaplin).
Os desenhos de Pierre Étaix são valiosíssimos para o detalhamento, tanto das personagens quanto da dinâmica entre eles e o seu meio social e espacial. São traços minuciosos que recuperam as sutilezas do filme, realmente traduzindo, nas ilustrações, os espaços retratados, as cenas do cotidiano tanto da vila quanto daquele castelo de concreto.
O sabor especialíssimo dos detalhes na obra de Tati pode ser conferido na reprodução de uma cena emblemática: no filme, a câmera mostra a cena de um cachorro embaixo de uma banca de verduras rosnando para um peixe que está na sacola do senhor Hulot e que corresponde, metaforicamente, à discussão sem som e sem palavras que visualizamos no jogo de corpo da personagem com o dono da barraca. O livro traz essa ilustração, assim como outras, para recuperar o olhar sobre o detalhe, deixando-nos, aos leitores do romance, a mesma sensação de que estamos diante de uma história silenciosa, pois se economizam, no livro, as palavras com o uso da imagem, e, no filme, o som é deixado para os ruídos das máquinas, das pisadas, das campanhias, dos alarmes, eventualmente do assobio de um pássaro. Os diálogos são mímicas, impossibilidade de se escutar as vozes humanas pelo barulho da “modernidade”, corpo, espaço e metonímias.
Essa narrativa econômica, delicada, e o diálogo com as imagens que acompanha todo o romance, trazem a mesma sensação desse “silêncio” simbólico do filme de Jacques Tati. É uma obra saborosa que presenteia aos amantes do Cinema e da Literatura com o riso, a ironia, a crítica, a de
licadeza e o romantismo dessa personagem anacrônica e marginal que é o “meu tio”, o senhor Hulot, sempre com seu cachimbo e seu guarda-chuva, perdido entre as bárbaras máquinas modernas.

“Meu tio”/ Cosac Naify/ Jean-Claude Carrière/ Ilustração de Pierre Étaix/ Tradução de Paulo Wernek/173 p/ 37 reais.

A tarde, 10/04/2010

domingo, 4 de abril de 2010

Barroco Tropical



Essa Luanda com a face virada para o futuro surpreende a qualquer um. É a Luanda de 2020, de José Eduardo Agualusa, descrita em “Barroco tropical”. O livro é uma bem sucedida mistura de Gabriel Garcia Marques com um romance de mistério. E tem mais: partes do livro trazem também espécies de crônicas políticas de um pasquim, tendências esotéricas da vida moderna- todas misturadas-, os apelos em torno do fetiche de todos pelas páginas policiais, os mistérios das casas de prostituição, os bastidores da “governância”, a obscuridade dos jogos pelo poder. Tudo isso escrito e descrito com uma criativa linguagem e um estilo único. É, cativantemente, uma aventura épica urbana na qual passado e futuro se encaram numa Angola moderna e delirante.
É barroco o cruzamento das narrativas que escalpelam a nossa memória. Barroca é a linguagem e a disposição dos temas – histórias de amor, paixão e traição, assassinatos, corrupção, lendas, aliciamento, prostituição, e até poesia –, a mistura de personagens de universos completamente distintos: Rato Mickey, um ex-sapador mascarado de rosto desfigurado, Tata Ambroise, um curandeiro metido a psiquiatra, Kianda, uma cantora famosa, Mãe Mocinha, uma ialorixá baiana, Bartolomeu Falcato, escritor, e ainda uma ex-miss, um anjo de asas negras, poetas, empresários, estilistas, jornalistas, políticos.
Uma profusão de personagens que trilham, simbolica e metaforicamente, pelos corredores do poder, denunciando uma gama de violência, censura e corrupção. Os espaços são vários: Europa, Brasil, Angola. Barroquismos também vemos nas canções recuperadas das tradições locais até os hits pop de Madonna, passando pela poesia de Eucanaã Ferraz.
Agualusa logra extraordinária descrição de uma angola desvinculada de um olhar exótico ou estereotipado, sem deixar de mostrar as peculiaridades daquela cultura e ambiente. Ele deixa-nos embrenhar pelo passado e pelo “futuro” da cidade de Luanda de uma maneira ímpar: não é só o ambiente físico, mas as próprias personagens que ajudam na configuração dos espaços. Assim, um artista graffiteiro muito jovem, mudo, que pinta os muros da cidade, e uma arquiteta conhecida vão trazer consigo, metaforicamente, os espaços perdidos e os sonhados: tradição e modernidade sobrepondo-se, escondendo sonhos e tragédias. É, na situação atual, aquilo que supomos: não podemos fugir do tempo, do desenvolvimento, das mudanças, mas não há ilusão sem perdas.
“Barroco Tropical”, lançado no Brasil no ano passado pela Cia das letras, é, não há como negar, uma obra rica e com uma carga de denúncia forte, ainda que muito bem destilada na trama, sem maneirismos, obviedades ou pretensão moral e ideológica gratuita. Ali sentimos o peso dos resquícios e das marcas dos regimes ditatoriais, os vícios do poder dificultando a reconstrução do futuro-presente. É denúncia crua, conseqüência das histórias inventadas, mas justamente por seu caráter muitas vezes surreal, elidindo e ao mesmo tempo amplificando as verdades, é que ganha esse sabor especial.
A narração muda de ponto de vista, a amante e o escritor se alternam em contar o fato principal que os levam a uma cena insólita: testemunhar um corpo de mulher caindo do céu. Assim, investigando e perseguindo as pistas de um anjo de asas negras, os leitores vão ser postos numa emboscada delirante, onde desde o alto escalão do governo até dirigentes de terreiro serão parte de algo suspeito e perigoso. Ainda há a delícia de nos depararmos com os gêmeos anões, personagens absurdamente ricos e improváveis, que saem de um vão de pobreza para cenário da moda contaminado por vícios perigosos, e envolvidos em assassinatos. Os nomes deles, maravilhosos: Jacó e Esaú.
O livro passa por personagens do cotidiano brasileiro e angolano, deixa-nos rastros precisos da nossas tradições e das dele, Agualusa; faz-nos testemunhas de uma Luanda modificada, moderna, com tantos conflitos quanto qualquer outro lugar contemporâneo e urbano que sai de uma tradição enraizada, enfrentando violências simbólicas e físicas. Marcas das guerras estão lá, assim como os sinais dos novos tempos.
O autor acertou no modo de nos contar tudo o que quis contar, apenas pecou com o excesso de personagens, desnecessário a meu ver, visto que a carga simbólica e densa dos principais nos deixa muito material para percorrer e muita literatura para destrinchar. Em todo o resto, um livro excepcional que nos pega de jeito: ironia, sátira, crítica, erudição, questionamento, denúncia, pintura, imagem, poesia. Resulta que há que se ler.

“Barroco Tropical”/ José Eduardo Agualusa/ Companhia das Letras/47 reais
Publicado no A tarde.
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